Conferência de Abertura (dia 13 de outubro de 2021)

Titulo: Gestão do Fogo e dos seus Impactes no Solo

Fábio Miguel Martins da Silva

Adjunto de Operações da Força Especial de Proteção Civil
Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil

Resumo

O impacte do fogo nos solos acontece em diferentes dimensões, nomeadamente durante o desenvolvimento dos incêndios florestais e do fogo controlado. Importa distinguir a diferença entre os impactes subjacentes à passagem dos incêndios florestais daqueles que decorrem dos fogos controlados e, também, em que medida cada um deles afeta os solos e influência a regeneração da vegetação.
No processo de compreensão do impacte dos incêndios florestais e do fogo controlado nos solos estão implícitos dois conceitos: intensidade e severidade, dos quais reside uma necessidade premente de serem clarificados, distinguidos e traduzidos em linguagem operacional, para que de uma forma prática sejam entendidos e geridos pelos operacionais, que desenvolvem as atividades de extinção de incêndios e de uso do fogo controlado.
Os diferentes solos e objetivos do fogo controlado são elementos a conjugar na planificação e execução das ações de fogo controlado, com vista a que o fogo constitua um elemento natural que beneficie o ecossistema.
Palavras-chave: Fogo controlado, incêndios florestais, intensidade, severidade, regeneração.

Conferência de Temática (dia 15 de outubro de 2021)

Titulo: Efeitos erosivos após incêndios florestais.

           
Exemplos observados em Portugal

Luciano Lourenço

Professor Catedrático (Jubilado) da Universidade de Coimbra;
Presidente da Direção da RISCOS – Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança

Resumo

Ao longo do último meio século, Portugal tem sido palco de numerosos incêndios florestais, muitos dos quais de grandes dimensões, cuja tendência parece estar a aumentar, e que, em conjunto, acarretam avultados prejuízos económicos, sociais e ambientais.
De entre estes efeitos, um dos menos conhecidos será certamente a erosão das vertentes e dos solos florestais que, com maior ou menor intensidade, ocorre frequentemente depois dos incêndios.
Por isso, é objetivo desta conferência dar a conhecer alguns dos casos por nós investigados no Centro e Norte de Portugal. Indicam-se, pois, casos de estudo relacionados com erosão hídrica, designadamente associados a movimentações de partícula a partícula, como é o caso dos ravinamentos, do mesmo modo que se descrevem outros relacionados com movimentações em massa, provocadas por deslizamentos e, sobretudo, devidas a enxurradas.
Estes processos morfogenéticos são, muitas vezes, acelerados pelos fortes declives das vertentes e das linhas de água, bem como pela existência de sobrantes dos incêndios que, na presença de precipitações abundantes, mormente quando elas são intensas, contribuem para a mobilização de maior quantidade de partículas minerais e, até, de pedaços de rocha, que são transportados para a base das vertentes, ou, então, para maiores distâncias, quando estão envolvidos cursos de água.
Analisam-se algumas das situações estudadas ao longo de mais de trinta anos, registadas em diferentes contextos geológicos, designadamente sobre xistos, granitos e calcários, bem como em depósitos de cobertura, essencialmente constituídos por rocha alterada e depósitos de vertente.
Quando o transporte foi efetuado por linhas de água, os materiais minerais e orgânicos percorreram, por vezes, longas distâncias e foram depositados fora da área queimada, o que contribui para que nem sempre eles sejam associados aos incêndios florestais, mas apenas à situação hidrometeorológica intensa que originou diretamente o episódio erosivo, dado que estes até podem registar-se passados vários meses sobre a ocorrência dos incêndios que foram a causa indireta desta forte atuação dos processos morfogenéticos.
Palavras-chave: Incêndios florestais, erosão de solos, ravinamentos, deslizamentos, enxurradas.